Como diminuir riscos de contaminação pela Covid-19 nos serviços hemoterápicos

 Luana Alencar*

Os serviços de saúde foram prejudicados pela pandemia do novo coronavírus e tiveram que se reorganizar. Entre os serviços fortemente impactados estão a doação e a transfusão de sangue, visto que com a necessidade do distanciamento social as atividades comunitárias, a coleta externa de sangue e os hemomóveis tiveram sua circulação limitada e atividade reduzida. Por esta razão, a  Rede CoVida lança uma nota técnica com os procedimentos das recomendações para minimizar os riscos nesses procedimentos.

O grande desafio dos hemocentros tem sido a manutenção dos bancos de sangue. Embora algumas cirurgias tenham sido adiadas e canceladas, há outros pacientes que necessitam de sangue e hemoderivados, como pessoas com câncer, complicações gastrointestinais pela Covid-19, mulheres na pré-menopausa com quadro de anemia aguda agravados pelo próprio vírus, dentre outras.

Fonte: Juliana Xavier (IFF/Fiocruz)

Manter o estoque de sangue é um dos grandes obstáculos dessa pandemia, por outro lado os critérios para a qualificação do produto, armazenamento e emissão para os pacientes devem ser olhados de forma mais acurada, outro desafio imposto no atual cenário. É preciso ressaltar que os critérios de triagem clínica mudam de acordo com a doença.

Mariluce Karla Bomfim de Souza,doutora em Saúde Pública pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA),com a colaboração de integrantes do Grupo de Síntese de Evidências sobre Organização dos Serviços de Saúde da Rede CoVida e integrantes da Coordenação Executiva da Rede CoVida,organizou uma nota técnica sobre recomendações e planejamento para a organização dos serviços hemoterápicos.

De acordo com Mariluce, “Risco sempre existe em procedimentos transfusionais”, por isso faz-se necessário traçar estratégias para organização dos serviços das hemoredes, a partir das experiências de outros países, adequando esses planos a nossa realidade.

Recomendações

Dentre as recomendações contidas na nota técnica sobre indicações e planejamento para serviços das hemoredes, Mariluce ressalta que seja pertinente:

– Gestão dos estoques e suprimento de sangue com observância à extensão da epidemia nos estados;

– Elaboração e aplicação de planos regionais para gerenciamento racional do sangue;

-Adoção de políticas flexíveis com planejamento para doação;

– Articulação com o nível federal para disposição de logística eficiente, disponibilidade de transporte, melhoria da infraestrutura, processos institucionais e utilização/atualização do sistema nacional de informações sobre gerenciamento de sangue;

– Formulação e acompanhamento do sistema para compras emergenciais, requisição e uso de suprimentos de sangue;

– Triagem prospectiva de ordens de sangue para monitorar e priorizar a utilização de sangue e garantir o uso clínico apropriado;

– Estímulo ao uso prudente de produtos derivados de sangue com base nas diretrizes de Gerenciamento de Sangue do Paciente (PBM), inclusive com programas regionais;

– Implementação imediata de protocolos de falta, uso de critérios rigorosos de transfusão e revisão das ordens de transfusão;

– Manutenção da comunicação entre hemocentro/serviços hemoterápicos e as principais equipes clínicas, incluindo as unidades/centros de tratamento de câncer e serviços de anestesia;

– Adoção de plano de contingência em caso de escassez crítica de pessoal;

– Capacitação/qualificação do pessoal de laboratório e treinamento dos trabalhadores dos serviços em precauções universais para ajudar a evitar o risco de propagação;

– Avaliação da demanda, dos procedimentos e das estratégias utilizadas pelos serviços diante da situação de pandemia, mantendo a observância às recomendações, inclusive, aos regulamentos e atualização/revisão de notas técnicas.

Como doar sangue?

Algumas mobilizações para a doação de sangue no país já têm sido feitas e os critérios técnicos e recomendações para a coleta do material já têm sido adotados. No Brasil, a nota técnica de nº 13/2020-CGSH/DAET/SAES/MS, aponta alguns desses critérios para a triagem de candidatos à doação.

Destaca-se:

Possibilidade de agendamento prévio do dia e horário em que os doadores irão doar;

Intensificação do distanciamento social na sala de espera entre os doadores;

Higienização das áreas do hemocentro, dos instrumentos e das superfícies dos locais de, assim como a lavagem das mãos e uso de álcool gel pela equipe e pelos doadores.

A você, leitor, que puder fazer doação de sangue, por favor entre em contato, via telefone, com o hemocentro mais próximo de você!

Pesquisadora: Mariluce Karla Bomfim de Souza: http://lattes.cnpq.br/8754943064408958

Site: https://redecovida.org

Facebook: https://www.facebook.com/redecovida/

Instagram: redecovida

Contatos com a imprensa:
Raíza Tourinho
Cidacs/Fiocruz Bahia | Rede CoVida
Tel: (71) 98108-1588
E-mail: raizatourinho@gmail.com

 

*Luana Alencar – doutoranda pelo PPGCIS, mestra e graduada em jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Pesquisa e interesse com ênfase em Comunicação e Drogas. Colabora voluntariamente para a Rede CoVida.

 

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